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Seta verde>>>

[prosperidade ontem, hoje e hoje!

a sua superação pode ser multiplicada em muitas outras superações, e outras, e outras

mesmo que nem tudo esteja tão claro próximo à temporalidade dos fatos

…mas a gente segue em tons de vermelho…

CORO: ou azul!

Lute!

como uma garota,
um garoto

CORO: um humano ser!

aterrisse firme os pés no firmamento dos solos do presente
e voe tão alto a tocar as pontas de todos os dedos no plano dos céus

CORO: pega a solidão e risca os salões das sombras que te deitam!

e descanse no próprio peito porque não tem dor que resista a esse antibiótico da teimosia em ter fé na vida

porque o sol vem a te escarrar na cara toda a vitalidade, alegria e..

CORO: – ei, você sobreviveu a três pneumonias pra deitar pra qualquer lamúria! pra essa superficialidade toda que traga a essência! não! não! e não!

no fundo viver é isto: um todo retalho de altos, baixos, gozos, solidões, tropeços e caminhares que costuramos e provamos ao fim, a dizer:

CORO: – é, serviu, um laço aqui, um nó acolá, e “parla!”

a gratidão é um gato vira lata que sabe que a sua língua não foi feita pra acarinhar humanos mas mesmo assim dá lambidinhas ásperas em quem lhe faz bem

fim, antes que isso aqui fique qual borra de café que das formas mal traçadas tenta embrulhar aquilo que ainda não nos pertence

palmas!

CORO: êxitos! hoje, hoje e hoje!

//Luiz]

Montevidéu, Uruguai, novembro de 2018

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autorretrato

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Da inteireza

Põe quanto És no Mínimo que Fazes

Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.

Fernando PessoaSê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.

Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive

Ricardo Reis, in “Odes”
Heterônimo de Fernando Pessoa

 

Aprecio a inteireza: pessoas inteiras, amores inteiros, sorrisos inteiros, olhares inteiros, palavras inteiras, abraços inteiros, conversas inteiras, escolhas inteiras, atitudes inteiras. A vida por inteiro enfim. Nada pela metade.

Uma dica que vale para uma vida toda é não aceitar nada mais nada menos que a reciprocidade. Recuse as migalhas. Abrace a totalidade de tudo. Sempre.

Porque a vida é assim: inteira. Não permite metades, mais ou menos e nem meio termo. Não é possível viver em doces e suaves prestações. Ou vive ou não vive. Tampouco é possível parcelar a vida. Tudo deve ser vivido à vista ou nada feito.

Conosco não é diferente. Não podemos completar ninguém. Cada pessoa tem de buscar, por si só, completar-se. E somente quem é inteiro pode encontrar outros inteiros. Até porque ninguém tem a obrigação de satisfazer as expectativas de ninguém. Apenas somos acrescidos de benefícios e aprendizados na convivência com um outro, e de experiências acumuladas ao longo da vida.

Ser inteiro não significa necessariamente ser completo (finalizados), o que seria uma utopia, pois somos todos uns eternos aprendizes. E a busca por sermos cada vez mais inteiros e pertencentes a nós mesmos não tem pausa, assim como a vida não tem, e só finda mesmo quando cerramos os olhos pela última vez.

Somos e devemos, sim, ser inteiros, partes de um todo e partes de muitas outras coisas, mas que sejamos sempre partes inteiras.

Luiz

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Esperança em versos

Foto da capa: divulgaçãoUma das principais mensagens do livro “Canção da esperança & outros poemas” (Editora Valer, 2014, 63 páginas), do poeta amazonense Tenório Telles, é que a vida tem lá os seus dissabores, sim, mas vale a pena ser vivida. Assim como vale a pena parar e observá-la em miúdos. Uma tarefa difícil em tempos tão brutos e apressados, mas que o poeta nos mostra o caminho em versos – combinados com lindas ilustrações assinadas por Humberto Rodrigues. O livro (que se encontra em sua segunda edição) nos traz seis poemas que nos convidam a essa empreitada lírica.

“Canção da esperança”, o “poema-título”, por exemplo, reforça que viver pode não ser tão simples assim, contudo é possível viver bem, em paz, desde que façamos uma escolha acertada: sermos livres. Afinal, não fomos criados para vivermos engaiolados em vícios modernos, nem acorrentados em necessidades fabricadas coletivamente. Pelo contrário. A obra aponta que devemos nos apegar à liberdade, um presente divino. Como dizem os versos: “Tudo sob o céu/ segue o seu desígnio:/ o dia que nasce – / fruto nascido da noite/ [sonho luminoso de Deus]”.

O poeta Tenório Telles não pretende, em seus versos, nos apresentar um otimismo ingênuo, tampouco nos listar uma série de tópicos para viver bem (tão em voga). Os versos almejam nos despertar para as belezas dessa vida que estão ao nosso alcance. Como diz uma das estrofes do poema principal: “Contra toda desesperança/ contra toda cegueira e emudecimento,/contra toda indiferença:/ – Ergo este canto para celebrar a manhã,/ os rios,/ as florestas e seus enigmas”. Enfim, a vida anda necessitando de doses generosas de poesia; e o poeta nos prova que na simplicidade descansam os sentimentos verdadeiros.

Resenha publicada originalmente no jornal A Crítica, caderno Bem Viver (página BV4), no dia 04 de novembro de 2014. E também no portal ACrítica.com.

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Arquivado em prosa na estante